quarta-feira, 21 de junho de 2006

O Aspirante e o Profissional

Momentos de indecisão profissional frequentemente me vêm à tona. Não que não saiba o que quero da vida - muito pelo contrário -, o problema é que eu ando querendo coisas demais. E acredite, não é fácil querer fazer 48 horas brotarem das habituais 24 para tentar materializar todos os seus planos.
Ah! Nem preciso me lembrar do quanto isso é culpa do sistema aplicado aos estudantes. Nem preciso citar o funcionalismo quase chapliano que se aplica ao ensino superior, e à impossibilidade de nós, pessoas normais que querem uma vida social decente, nos especializarmos em diversas coisas sem ter que abdicar das noites com a namorada e os amigos. É, é culpa do capitalismo, sim, não importando o quão clichê isso soe. Tamanha é a forçação de barra, tamanha é a imposição sobre os futuros profissionais, que aí estão os advogados que sonham em ser jornalistas, os engenheiros que sonham em ser arquitetos, os biólogos que sonham em ser filósofos, os filósofos que sonham em ser jornalistas, os jornalistas que sonham em ser... médicos?!?!? Jornalistas querendo ser médicos?!?!?!?!?
Sim, isso mesmo, meu amigo. Esse era meu sonho. Era.
Enfim. Embora não dê o braço a torcer, sinto que essa possibilidade já se distancia do futuro jornalista que aqui vos escreve. Seis meses em um cursinho, aliado à faculdade e ao trabalho, andaram deixando esta cabeça pensante aqui um pouco entupida de informação. E mais: a psicologia surgiu, como alternativa B para medicina, perfeitamente cursável com jornalismo e, até certo ponto, aproveitável para tal profissão! Parece tudo maravilhosamente bem, não é? Aí é que você se engana.
Será que duas faculdades seriam conciliáveis, mesmo sendo suaves quando isoladas? Será que vale a pena desafiar a lógica atual e se espelhar nos antigos pensadores, como Newton, Descartes e Platão, e tentar conhecer o terceiro lado da moeda, a ciências complementares? A matemática das palavras, a biologia da filosofia, a física do jornalismo?
Mas isso aí é papo longo demais, coisa para o futuro. Por enquanto me preocupo em "estudar" para tentar ingressar em uma faculdade, enquanto desfruto das maravilhas que a outra me dá. São duas vidas diferentes em conflito, agora. E haja 48 horas para aproveitar cada segundo desta pequena jornada rumo a mais um sonho reconstruído sob uma visão realista - consequentemente, capitalista - do que podemos representar no mundo profissionalmente.
(...)
O aspirante vai dormir agora, com licença.
(...)
O Jornalista? Sò dorme quando parar de trabalhar.

José Augusto Mendes Lobato 21/06/06

sábado, 10 de junho de 2006

Descoberta

"Time had gattered in the sunshine
Staying home to watch the rain
You are young and life is long,
And there is time to kill today
And then onde day you find:
Ten years have gone behind you..."


A falta do que fazer, sem dúvidas, é minha musa inspiradora. Pensamentos raramente vêm à tona em dias tão corridos como os últimos têm sido... mas e quando eles vêm, o que me resta fazer, senão abandonar a inércia mental e o descanso e tentar tirar conclusões bobas sobre o que martela minha consciência? Pois é.
Vou pensar.
"Pensamentos avulsos", diria um grande amigo meu; eu prefiro chamá-los lapsos de inconsciência. Pequenos segundos, acordes e ruídos efêmeros que soam em meus ouvidos e ecoam por horas, dias, meses, presos na minha garganta para serem cuspidos de volta e acharem novo eco. Esses devaneios acabaram de escapar de dentro de mim.
Estava deitado, ouvindo Pink Floyd e observando aquela foto que, há dois meses e alguns dias, habita minha estante. Confesso que passei algum tempo sem parar para pensar nos rumos que minha vida toma, e naquele pequeno lapso, resolvi o fazer. É interessante observar o tempo passar fixando seus olhos em um único objeto, já tentaram? Passar o dia inteiro olhando um relógio pequeno emitir seu discreto tic-tac, ver o sol brilhar em cima dos ponteiros, até o momento em que o breu cobre a sala, deixando apenas o ruído quebrar o silêncio ao passar de cada segundo. Observei, entre o fim da tarde e o início de noite, aquela fotografia completar mais um dia de idade. E qual foi minha surpresa ao encontar-me tão feliz, mas tão feliz com isso, a ponto de sorrir para o retrato? A ponto de lembrar cada besteira que falei para você durante esses setenta dias, cada risada que demos juntos, cada debate filosófico no telefone às quatro da manhã? Fiquei, por alguns minutos, pensando no que seria aquilo. Se realmente estava pronto para te dizer aquela frase que, há tempos, guardava no meu íntimo, por medo de não ouvir o mesmo de ti.
De tanto dar risada, então, comecei a imaginar as coisas mais "absurdas" (em uma visão racional) possíveis. Imaginei você do meu lado o resto da minha vida; imaginei filhos com seu rosto e meu jeito, com a minha teimosia e sua perseverança. Imaginei pequenas brigas que, provavelmente, um dia devem acontecer entre nós, sendo resolvidas com um tímido, mas doce abraço; imaginei um beijo imenso, daqueles que você se agonia, sendo dado num altar improvisado na beira do mar. Você, mulher da minha vida. Mas que loucura! Deveria eu já estar pensando nessas coisas?!?
Eu sei, queridos "amigos" racionais, parece loucura/irracionalidade/precipitação/chatice o que acabei de dizer. Mas digo, por própria experiência, que não há nada melhor do que sonhar, desde que seja com a pessoa certa. Pela primeira vez, creio eu, a pessoa certa é essa que habita meus sonhos e acompanha meus passos, que está sorrindo para uma rosa vermelha no retrato em cima da minha estante. A que, a esta hora, está trabalhando enquanto seu namorado babão se deleita escrevendo textos numa sexta-feira modorrenta.
É por essas e outras que agora eu posso te dizer que meus pensamentos convergem em você, e que te coloco na minha vida pelo simples fato de você ter me colocado na sua.
Eu posso, sem medo, te dizer algo que, há exatos dois meses e cinco dias, foi se construindo dentro de mim. Sem medo de sua resposta, acima de tudo, afinal cada um tem sua hora para descobrir o amor dentro de si. Não tenha medo ou se sinta cobrada.
Agora eu posso dizer tranquilamente, e com todas as letras,
Eu te amo.

José Augusto Mendes Lobato 10/06/06

quinta-feira, 1 de junho de 2006

Presente e Futuro


Não sei por onde começar. Pelo Presente ou pelo Futuro. Talvez deva, antes, conversar uma última vez com o Passado.

(...)

Sei que é, talvez, o que se pensa, o que parece o ser, quando me expresso em palavras. Mas eu peço para não darem entrelinhas afins à minha vida, ou à esta redoma em que escrevo. Não dou mais espaço para o Passado, ou para algo que não mais habita meu coração. Dou o papel e a caneta - o papiro e o pergaminho - ao que tenho em mãos, ao agora que me pertence, ao novo que vivo a cada dia. Ao Presente.
Não confio em ciclos, como bem se sabe; cada segundo é Passado, e o Passado é apenas o lugar-comum da melancolia. Não dou mais espaço à melancolia. O ciclo se fechou em uma simples despedida formal à porta, sem qualquer sinal de ressentimento. Continua assim, ao menos para mim. Se algo deve reviver, é o sentimento que deve se reciclar sob outro véu. Mais precisamente, os corações que se separaram devem achar outro par. Estou à busca, sem códigos quaisquer em mãos, e, ao que me parece, estou feliz do jeito que estou, com um novo par. Na minha rotina, na minha vida, livre para ser o que sempre fui.
Desejo toda a felicidade do mundo à quem ainda não chegou neste momento, o de redescobrir o amor em outro par de olhos... em outro espelho.
Peço, porém, o silêncio conveniente e definitivo de quem encerra uma conversa, já rota, com um doce abraço de despedida.

José Augusto Mendes Lobato 01/06/06

* Talvez palavras e termos se repitam (espelhem), mas como disse Renato Russo,
"Quais são as palavras que nunca são ditas?". Aqui, na redoma, falo de algo que vivo intensamente, e agora.
** As maiúsculas representam a força dos três tempos, presente, passado e futuro. Os três dependem um do outro para coexistir no tempo e no espaço, na razão e na emoção.
*** A felicidade sempre está escondida nas entrelinhas do Presente.