terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

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Ontem fez uma semana desde que saí do Formule 1 e me instalei junto à Mayara em nosso primeiro apartamentinho. É pequeno - mínimo, na verdade -, porém extremamente confortável, além de ter uma vista bem urbana (é a que vocês veem na foto; não podia ser mais São Paulo) e um entorno legal - fica na Vila Mariana, a 1,5 km do Ibirapuera. Estamos perto do metrô (duas linhas nos arredores), temos máquina de lavar e tevê a cabo, entre outros confortos essenciais numa cidade grande. Tudo ajeitadinho, enfim.

A vida a dois - sem empregada ou babá tardia - não é tão difícil, tem suas diversões. As tarefas estão bem divididinhas. Ela cozinha, lava e passa roupa; eu lavo louça, dirijo e faço café da manhã e lanches. Até aí, tudo ok - ainda não resolvemos nos arremessar pela janela ou algo do tipo. Quando algo dá errado, é uma piada; a gente se enrola, mas dá risada, se resolve aos trancos e barracos, sem mamãe, Zélia ou Marizete. É a prova de que a tudo o ser humano se adapta. Eu estou aprendendo a mexer em máquina de lavar, por Deus sagrado!

No mais, é aquilo que esperava: estar desempregado e vivendo de mesadinha dos pais é estranho, mas dá para conviver, em especial estando na cidade em que planejava morar desde o início da graduação. Bicos ocasionais têm aparecido para que eu não enferruje, felizmente... só não sei até quando. De qualquer forma, passamos no Mestrado da Faculdade Cásper Líbero - creio que isso vai ocupar minha mente por um bom tempo.

Algumas impressões iniciais da nova casa? Sim. Conforme esperava, a vida em São Paulo é bem menos pacata. Já fomos acordados por helicópteros e aviões que tomam nossa casa como rota de passagem (é relativamente perto do aeroporto e dos trocentos heliportos da Paulista), inclusive de madrugada. O metrô é limpo, organizado, mas um caos por natureza, sobretudo na linha Azul, às seis da tarde. Enfrento minha claustrofobia todo dia. Já peguei engarrafamento na Marginal Tietê, quando voltava com meu carro recém-buscado lá de Guarulhos - detalhe: não chovia nem nada, era engarrafamento por prazer mesmo. Também gastamos umas duas horas do dia lavando banheiro, trocando saco de lixo, etc.

Por outro lado, vejo muitos, mas muitos motivos para tanto nortista e nordestino vir parar aqui (Vila Mariana, por sinal, é um antro de paraense). Primeiro: a violência é, contrariando todo preconceito e senso comum, bem menor que em Belém. Sad but true, mano. Dá para andar na rua à noite, após as 22h, tranquilamente, em boa parte da cidade. Acredito que o transporte público também dê de pau em nossos ônibus repletos de ninho de barata de Belém, bem como a vida cultural, as oportunidades profissionais e os salários. O povo é mais educado, dirige melhor. Ah: quase tudo é 24 horas. Até sex shop full-time tem; já vi um na Rubem Berta.

E os contras?, você deve estar se perguntando. Bom, aqui tem o problema da chuva - que nós, burguesinhos da Zona Sul, não vivenciamos tanto -, do trânsito, que consegue ser pior que o da querida terra natal. Mas nada que supere a saudade dos amigos, da família, da sensação de conhecer a cidade na palma da mão. Isso tudo deixa a coisa dramática. Não pensem que eu, insensível contra todas as expectativas, não senti o peso nas costas.

O dia que deixei a mamãe - sim, ela veio nos ajudar por uns dias - no aeroporto foi foda. Para completar, nos perdemos na volta (sorte que aqui não tem Barreiro próximo do aeroporto, hein). Daqui a duas semanas, é meu aniversário. O primeiro longe dela e do papai. Mas enfim - como disse da vez passada, escolhas são escolhas, e em geral têm ponto positivo de sobra. Esse é o caso. O apartamento já está montado, já entramos no curso que queríamos desde 2007, a vida de "casado" não podia ser mais prazerosa. Não poderia estar melhor...

Aliás, poderia sim. Tá um calor dos infernos aqui, quase (eu disse quase!) tão ruim quanto o de Belém. Faz 33 graus de dia, daí chove e cai para 23 à noite - isso quando cai. Inverno, chega logo. Mesmo que para destruir meus hábitos paraenses.