quinta-feira, 6 de dezembro de 2007

Il n´y a pas...

...poesia, tampouco prosa, nestes versos alinhados, produzidos e metrificados ao sabor do tempo; ou seriam das concordâncias? Em poucas nuances, as muitas instâncias que me levam ao dizer às palavras trazem lembranças. E o verbo, essa verborragia - nas palavras de, quem diria, deixou-se levar a esmo -, esse verbo está cansado de concordâncias e predicados e sujeitos e conectivos, pois esse monte de pequenos sentidos nasce no cruzar de duas letras ou dois sonetos.

Há algo de belo em renegar metalinguagens, mas, dubiamente, sentem-se infelizes os que se entregam a diretrizes, metas e sonhos inconcebíveis de tanto realismo; e sabes que, como eu, há poucos, desses que renegam e abraçam as mesmas coisas, os mesmos discursos ocos de quem sente muito, fala pouco e cospe ainda menos a bagagem que traz no verbo. E o verbo, essa pequena orgia de sentimentos, ações, hipóteses ou atos, ele se mistura ao que nos é substrato, uma tal de realidade, palpável quanto maior o desejo de tocá-la, esganá-la, asfixiá-la, pois real demais é a insatisfação dos poucos que pensam com o muito que vejo.

Homens ou mulheres, jovens ou impotentes, viris ou velhos demais para berrar, roucos ou loucos demais para acreditar em qualquer coisa, não há poesia, tampouco prosa, em dizer o que lhes vem à cabeça; se lhes aspiraram os miolos, e a objetividade fez dos homens uns imbecis, sejam vocês mesmos hostis e reneguem sua própria beleza! Racionalismo, pragmaticismo, evolucionismo, sapiência (maniqueísmo), inteligência, genialidade, praticidade, fraternidade, (vaidade), decência, paciência, altruísmo, confiança (demência); nada disso é, em verdade vos digo, nossa parte - é, antes de existir, demagogia, hipocrisia e - quanta inocência - não vão acreditar; deixem esse arroubo de vida, pulso e ódio lhes atingir e lhes fazer jogar a própria merda de vida no ventilador. Não há verbo, tampouco linguagem; esqueçam o amor, o torpor e a sobriedade,

e, por fim, esqueçam do que constrói vocês mesmos:
arranquem-me os olhos cortem-me a língua.

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