segunda-feira, 10 de julho de 2006

Carta De Amor

Sinto saudades. E é como se não o sentisse. Tua presença nas pequenas coisas, tua materialização em cada canto de casa, em cada música que ouço, teu reflexo na água do mar. É como se não estivéssemos assim, distantes, é como se não estivesse aqui, sozinho, esperando ansioso por ti. Pareces estar sempre presente, em pequenos pedaços de memória que, no fim do dia, materializam-se em uma única lágrima, tímida a escorrer do olho esquerdo.
Sinto saudades. Espero, atento, para que o telefone toque. E sejamos um só novamente, nas conversas que preenchem o vazio de noites tão modorrentas. A saudade aperta, como que provando para mim mesmo o amor que sinto por ti. Ouço tuas palavras de carinho, risadas gostosas, piadas, e, finalmente, a confirmação de que deste mal chamado saudade, não sofro só. E isso me conforta.
Os dias caminham a passos largos, tão largos. Leio, mas não consigo me prender às palavras na minha frente enquanto não me der um minuto para pensar em ti. Mergulho no mar que espero um ano inteiro para ver, mas sinto que algo ainda está faltando. Nem que fosse aquele abracinho tímido, de quem (ainda) não se acostumou a me abraçar, queria que estivesses ali, para eu jogar água na tua cara e te carregar nas costas no meio da praia do Farol Velho. Me contento em cantar “She´s Leaving Home” enquanto nado, em voz alta, pouco me importando com as pessoas ao meu redor.
É tão comum e exato, o tempo passando vago, quando não estás aqui.
Sinto saudades. E é como se ela sempre existisse. Dois dias parecem um ano. Escrevia versos no guardanapo até achar um caderno e, àqui, os confidenciar. São versos bobos, palavras de amor engolidas em um gole de água (aquela que você não divide nem comigo!). A memória insiste em me lembrar que ando aos tropeços sem tua companhia, essa a que estou tão acostumado. Versos infantis estes, confesso. Mas a saudade é um sentimento normal, e naturalmente bobo.
E todo dia vou pensando que, quando voltares, te farei lembrar de todo o carinho que sinto por ti, meu amor. Mesmo à distância prometo manter em meus lábios um “eu te amo” encarcerado, para te dizer assim que puder, assim que cruzares a alfândega com mil sacolas de compras e uma maletinha cheia de roupas de frio nos braços.
Só para te lembrar que és o meu grande amor.

José Augusto Mendes Lobato 10/07/06

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