terça-feira, 30 de março de 2010

Metrô em Belém?!?

Quem acompanhou algumas postagens recentes do blog já deve ter percebido que minha relação com Belém é de amor e ódio - às vezes com doses maiores deste, é verdade. Mas, com a distância e pouco mais de um mês de moradia em São Paulo, começou a bater a saudade da nossa terrinha tão maltratada, embora bela e charmosa. Apesar de estar vivendo melhor, com mais segurança e um tantinho mais de acesso às coisas que fazem a vida valer a pena, não passo um só dia sem lembrar do berço. Com isso, voltaram as ideias malucas, os sonhos impossíveis e a vontade de ver Belém andando bem das pernas - coisa que não acontece, segundo meu avô, desde a chegada dele, fugido de Portugal, à "Paris dos trópicos".

Enfim, hoje o assunto é pretensão pura - vamos falar de trânsito, a desgraça rotineira de qualquer ser vivo que se diga belenense. Como todo bom ex-estudante da Unama BR (e ex-repórter de polícia que se embrenhava por tudo que é beco), vivenciei todos os problemas de trânsito que envolvem Belém e seus acessos à Região Metropolitana. Os engarrafamentos quilométricos no Entroncamento, na Almirante Barroso, na Augusto Montenegro... os alagamentos em pleno centro da cidade, as ruas finas e mal sinalizadas - além de mal frequentadas -, etc. e tal. E, por muitos e muitos meses, andei rabiscando em cadernos, folhas avulsas e guardanapos afins uma solução viável e moderna para a cagada viária da capital do Pará. Para surpresa própria, cheguei a uma conclusão: que tal fazer um metrô?

A proposta nada tem de mirabolante. É só uma questão de saber aproveitar os pontos e traçados - sim, apesar de tudo, as ruas de Belém têm certa lógica - e enfiar um sistema metroviário que ligue o centro até as cidades da Região Metropolitana. Depois de deixar de prestar atenção nas aulas do mestrado várias vezes, cheguei à conclusão que isso poderia ser feito por meio de duas linhas: uma "Metropolitana", que levaria da Cidade Velha até Benevides, e outra, a "Perimetral", que levaria da Cidade Velha até Icoaraci. O resultado seriam uns 50 km de malha metroviária, capazes de solucionar o funil-do-diabo do Entroncamento (se bem que o caos nessa região iria pra debaixo da terra) e oferecer um mínimo de dignidade aos moradores e visitantes de Ananindeua, Benevides e da própria periferia e baixada belenenses.



Os desenhos mostram como a coisa deveria ficar. Tive a ideia de o Entroncamento e o Arsenal servirem como estações de conexão, meio que da mesma forma que a (ui) e o Paraíso e a Ana Rosa fazem aqui em SP. Isso ajudaria a desafogar as coisas. Outro ponto: para evitar possíveis desculpas de nossos governantes - "o solo de Belém é muito lamacento!", "não temos recursos pra furar a cidade inteira", etc. e tal -, alguns trechos, como o que passaria pela Augusto Montenegro e o que segue pela BR-316, poderiam ser de superfície. Como? Passando pelo meio da pista ou na lateral, o que demandaria desapropriações.

Enfim, não tô dizendo que isso é mais ou menos viável, que haverá público para ocupar as linhas (vi esse argumento contra metrô em Belém no jornal, em uma entrevista dada pelo responsável da CTBel, acreditam?), que esse traçado é resultado de um levantamento técnico, etc. Aliás, não sou nenhum especialista em trânsito para achar que esse projetinho de leigo é 100% viável. É só uma contribuição de um ex-morador que quer ver Belém e seus moradores circulando em paz pela cidade. Engenheiros e gestores, deem aí seus palpites. Acho, inclusive, que vou mandar a ideia por e-mail para o Dudu e a Ana Júlia. Será que vale a pena?

11 comentários:

Clarissa Oliveira disse...

Excelente ideia, excelente texo...mas ja esrtou ate escutando as desculpas dos governantes para nao realizar a obra! Nao faltam boas ideias ou bons cidadaos dispostos a ajudar...faltam politicos com boa inteçao. Beijos.

Maick Costa disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Maick Costa disse...

Guto, também sou um paraense que está desde janeiro de 2010 em Sampa. Estou fazendo mestrado em Adm na EAESP/FGV.
Sempre queremos coisas boas para a nossa amada terrinha e, pelo que li, infelizmente metrô, seja ele subterrâneo ou de superfície, não é viável para a nossa capital do Grão-Pará. No subterrâneo a inviabilidade é técnica, no de superfície a inviabilidade é econômica. Não sei, na verdade, se essas inviabilidades são 100% concretas, mas o grande problema é a falta de vontade política para resolver esse, que é um dos grandes problemas da nossa Belém.

F.Sanches disse...

Se tu vieres candidato nessa merda de eleição, voto em ti.

Márcio Moreira disse...

Tava com saudade te ti ler... Voltei ao mundo dos Blogueiros dá um olho: http://www.casosbesteira.blogspot.com/

Agora com narrativas... Bju carinhoso!

Edir Gaya disse...

Fale Guto, trabalhamos junto no Liberal, lembra. Tua ideia só tem um probleminha...Belém está em uma cota muitos centímestros abaixo da linha do mar, o que inviabiliza qualquer obra de subsuperfície...Os japoneses da Jica que analisam as alternativas para solucionar os problemas a que te referes desde 1991 descartaram um sistema de trens urbanos de superfície por causa do custo de implementação, que tornaria a tarifa inviável para as condições econômicas da maioria da população de Belém. Dá uma olhada no projeto Ação Metrópole, é a ideia que vislumbras, mas a partir de um sistema de transporte metropolitano como o Transmilênio, de Bogotá, com ônibus articulados para 200 passageiros, espaço segregado só para transporte soletivo ao longo da BR-316, Augusto Montenegro e Almirante Barroso, com estações e terminais de integração e, o que é melhor, tarifa única e integrada valendo para os cinco municípios da RMB. O projeto está em plena execução pelo Governo do Estado, que no momento abre dois aneis viários, um no corredor norte, ampliando a Independência e revitalizando a Arthur Bernardes e criando um viaduto e um trevo no cruzamento da Júlio Cesar com a Pedro Álvares Cabral. Depois fará o mesmo na região norte da cidade, estendendo a João Paulo II até a BR-316, prolongando a perimetral e construindo um túnel interligando a Dr. Freitas e a Perimetral, ali na Almirante Barroso, perto do Marco da Légua, naquela que é a cota mais alta de Belém. Depois é atacar as obras do sistema integrado, já com financiamento negociado e aprovado junto ao governo do Japão, algo em torno de 300 milhões de reais. A perspectiva é de que o sistema comece a operar a partir de 2013. Tá tudo na internet. Um abraço e boa sorte pra usted no sul maravilha...

Edir Gaya

@penichao disse...

O que eu ia dizer o Edir Gaya já falou.

Guto Lobato disse...

Pessoal, muito obrigado pelos comentários :)

Bom, mas infelizmente preciso reforçar que, para mim, não há desculpa.

As obras atuais, além de atrasadas e claramente eleitoreiras, não têm melhorado efetivamente o trânsito e a gente bem sabe que boa vontade em ouvir o outro e tentar tocar projetos desafiadores NÃO é uma virtude dos governos atuais - em especial o da titia Ana Júlia, um dos mais incompetentes, improdutivos e fracassados da história do Pará (não sou apenas eu que o digo, vocês bem sabem...).

Infelizmente, moro atualmente em uma cidade onde as coisas funcionam MUITO melhor que em Belém. Dá pena de olhar para a cidade em que nasci e não sentir a mínima vontade de voltar. Ver a falta de vontade de mudar as coisas, as obras vagabundas e "emprestadas" de outros empresários e organizações (os engenheiros paraenses não tinham capacidade de montar o plano de transportes da cidade, por acaso: pra que "importar" consultoria?) e que, infelizmente, já estão com prazo de validade vencido...

Ah, Belém, só teus verdadeiros cidadãos te querem ver bem.

Victor Augusto disse...

Vi uns projetos e essas duas linhas interligando os grandes centros comerciais, os bairros mais populosos e as faculdades são as que mais gostei. Mas é um sonho né.

Danilo Kennedy disse...

Água nunca foi o problema para há nossa engenharia, água é desculpa para não investir em uma obra de qualidade...

Anônimo disse...

Gostaria também, mas fico a imaginar o que ocorreria durante a época da chuva, o metrô sendo submerso igual ocorreu na China em 2021. Já que certas ruas ficam com tanta água que dá pra usar canoas.