sábado, 10 de junho de 2006

Descoberta

"Time had gattered in the sunshine
Staying home to watch the rain
You are young and life is long,
And there is time to kill today
And then onde day you find:
Ten years have gone behind you..."


A falta do que fazer, sem dúvidas, é minha musa inspiradora. Pensamentos raramente vêm à tona em dias tão corridos como os últimos têm sido... mas e quando eles vêm, o que me resta fazer, senão abandonar a inércia mental e o descanso e tentar tirar conclusões bobas sobre o que martela minha consciência? Pois é.
Vou pensar.
"Pensamentos avulsos", diria um grande amigo meu; eu prefiro chamá-los lapsos de inconsciência. Pequenos segundos, acordes e ruídos efêmeros que soam em meus ouvidos e ecoam por horas, dias, meses, presos na minha garganta para serem cuspidos de volta e acharem novo eco. Esses devaneios acabaram de escapar de dentro de mim.
Estava deitado, ouvindo Pink Floyd e observando aquela foto que, há dois meses e alguns dias, habita minha estante. Confesso que passei algum tempo sem parar para pensar nos rumos que minha vida toma, e naquele pequeno lapso, resolvi o fazer. É interessante observar o tempo passar fixando seus olhos em um único objeto, já tentaram? Passar o dia inteiro olhando um relógio pequeno emitir seu discreto tic-tac, ver o sol brilhar em cima dos ponteiros, até o momento em que o breu cobre a sala, deixando apenas o ruído quebrar o silêncio ao passar de cada segundo. Observei, entre o fim da tarde e o início de noite, aquela fotografia completar mais um dia de idade. E qual foi minha surpresa ao encontar-me tão feliz, mas tão feliz com isso, a ponto de sorrir para o retrato? A ponto de lembrar cada besteira que falei para você durante esses setenta dias, cada risada que demos juntos, cada debate filosófico no telefone às quatro da manhã? Fiquei, por alguns minutos, pensando no que seria aquilo. Se realmente estava pronto para te dizer aquela frase que, há tempos, guardava no meu íntimo, por medo de não ouvir o mesmo de ti.
De tanto dar risada, então, comecei a imaginar as coisas mais "absurdas" (em uma visão racional) possíveis. Imaginei você do meu lado o resto da minha vida; imaginei filhos com seu rosto e meu jeito, com a minha teimosia e sua perseverança. Imaginei pequenas brigas que, provavelmente, um dia devem acontecer entre nós, sendo resolvidas com um tímido, mas doce abraço; imaginei um beijo imenso, daqueles que você se agonia, sendo dado num altar improvisado na beira do mar. Você, mulher da minha vida. Mas que loucura! Deveria eu já estar pensando nessas coisas?!?
Eu sei, queridos "amigos" racionais, parece loucura/irracionalidade/precipitação/chatice o que acabei de dizer. Mas digo, por própria experiência, que não há nada melhor do que sonhar, desde que seja com a pessoa certa. Pela primeira vez, creio eu, a pessoa certa é essa que habita meus sonhos e acompanha meus passos, que está sorrindo para uma rosa vermelha no retrato em cima da minha estante. A que, a esta hora, está trabalhando enquanto seu namorado babão se deleita escrevendo textos numa sexta-feira modorrenta.
É por essas e outras que agora eu posso te dizer que meus pensamentos convergem em você, e que te coloco na minha vida pelo simples fato de você ter me colocado na sua.
Eu posso, sem medo, te dizer algo que, há exatos dois meses e cinco dias, foi se construindo dentro de mim. Sem medo de sua resposta, acima de tudo, afinal cada um tem sua hora para descobrir o amor dentro de si. Não tenha medo ou se sinta cobrada.
Agora eu posso dizer tranquilamente, e com todas as letras,
Eu te amo.

José Augusto Mendes Lobato 10/06/06

Um comentário:

Leandro disse...

"; imaginei filhos com seu rosto e meu jeito,"


pelo AMOR DE DEUS...




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