quinta-feira, 1 de junho de 2006

Presente e Futuro


Não sei por onde começar. Pelo Presente ou pelo Futuro. Talvez deva, antes, conversar uma última vez com o Passado.

(...)

Sei que é, talvez, o que se pensa, o que parece o ser, quando me expresso em palavras. Mas eu peço para não darem entrelinhas afins à minha vida, ou à esta redoma em que escrevo. Não dou mais espaço para o Passado, ou para algo que não mais habita meu coração. Dou o papel e a caneta - o papiro e o pergaminho - ao que tenho em mãos, ao agora que me pertence, ao novo que vivo a cada dia. Ao Presente.
Não confio em ciclos, como bem se sabe; cada segundo é Passado, e o Passado é apenas o lugar-comum da melancolia. Não dou mais espaço à melancolia. O ciclo se fechou em uma simples despedida formal à porta, sem qualquer sinal de ressentimento. Continua assim, ao menos para mim. Se algo deve reviver, é o sentimento que deve se reciclar sob outro véu. Mais precisamente, os corações que se separaram devem achar outro par. Estou à busca, sem códigos quaisquer em mãos, e, ao que me parece, estou feliz do jeito que estou, com um novo par. Na minha rotina, na minha vida, livre para ser o que sempre fui.
Desejo toda a felicidade do mundo à quem ainda não chegou neste momento, o de redescobrir o amor em outro par de olhos... em outro espelho.
Peço, porém, o silêncio conveniente e definitivo de quem encerra uma conversa, já rota, com um doce abraço de despedida.

José Augusto Mendes Lobato 01/06/06

* Talvez palavras e termos se repitam (espelhem), mas como disse Renato Russo,
"Quais são as palavras que nunca são ditas?". Aqui, na redoma, falo de algo que vivo intensamente, e agora.
** As maiúsculas representam a força dos três tempos, presente, passado e futuro. Os três dependem um do outro para coexistir no tempo e no espaço, na razão e na emoção.
*** A felicidade sempre está escondida nas entrelinhas do Presente.

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