quinta-feira, 21 de setembro de 2006

Papo de avô

Namorar é muito bom. Todo homem deveria namorar, para saber o quanto é bom. E namorar direito, com beijo na boca, troca de presentes, jantares e bebedeiras a dois, sexo e muita, mas muita, confiança e respeito. Uma pena que tenha gente por aí jogando tudo isso no lixo.
Tem homem que até namora, sabe? Chega junto de uma mulher, "pega", leva pra cama e, dois dias depois, assume compromisso. A coisa que parecia não ter futuro vai durando, durando... e eis que aparece aquela amiga de anos atrás, liga pra ele quando a tal namorada está viajando. Convida pra dar uma volta, tomar uma. O cara até pensa duas vezes, pensa na namorada, tadinha, que está sem nem imaginar o que acontece pela cidade no momento. Ah, mas quem iria saber? Ele sai. E leva a "outra" pra cama. Transa. Se apaixona. Começa a vida a três.
Há casos nos quais a "outra" começa a se aborrecer. Pergunta para ele o que o prende à namorada. E ele não sabe o quê. Afinal, com a amante é melhor do que com a companheira de três anos. Não sabe por que diabos namora, mas, por inércia e preguiça de se decidir, namora com as duas mesmo. Casa e tem filhos. E continua traindo, o filho da mãe.
Também tem homem que consegue largar a namorada depois de anos de mentira. Aos olhos do mundo, é um canalha bem-sucedido. Fisgou duas de uma só vez, o rapaz. Até existe a chance de ele se arrepender, largar a "outra" (a qual, ele descobre, só serve em doses homeopáticas) e pedir desculpas para a namorada (a qual, ele descobre, só serve ao seu lado), mas... às vezes ela tem amor próprio. Aí, olha só que ironia, ele ainda acaba sozinho. É o infeliz destino de todo homem arrependido.
Namorar é muito bom. Há quem diga que namoro é uma prisão à qual a gente deve se sujeitar depois de muito experimentar. Talvez a poligamia seja um estágio de imaturidade no qual muitos homens e mulheres estejam empacados, talvez seja a tendência natural do homem, que é abafada em nome do convívio social. Não importa. O resultado de uma vida a três (ou a cinco, ou a dez...) é uma inexperiência na vida afetiva que só vai ser notada 50 anos depois, quando estiver sozinho em um gigante apartamento vazio, bebendo vinho e vendo tevê depois de um cansativo dia de trabalho. A pergunta é: vale a pena magoar-se, machucar os outros, estragar amizades, famílias, vidas (porque não?) assumindo um compromisso no qual não acreditamos nem desejamos assumir? Meninos, meninos... vamos ser homens.
Ah! Existe, em esmagadora minoria, o homem fiel. É, ele existe! Só que ele tende a ser o chifrado de triângulo, justamente por ser o contrapeso feminino do casal, o "bonzinho" sacaneado pela mulher a qual ama, e na qual confia. A mulher, pasmem assume esse papel também. E a ele, resta ser ainda mais ridicularizado em seu meio, pela sua natureza não-poligâmica e respeitosa. O mundo é muito injusto mesmo. Meninas, meninas... até vocês!
Namorar é muito bom. Todo homem deveria namorar, para saber o quanto é bom. E namorar direito, com fidelidade, respeito e, se tudo der certo no caminho, amor. Ser homem é muito bom. Ser mulher também deve. Todos os casais deveriam se respeitar mutuamente, para saber o quanto é bom ter orgulho de ser o que é, de ser o que são, de ser o que serão um dia. Deve ser muito bom deitar a cabeça no travesseiro e sentir-se completo ao lado de alguém que ama. Ou então, ao menos, sentir-se completo consigo mesmo e ter a consciência limpa de quem nunca desvalorizou os sentimentos, seus ou dos outros, afetivos ou carnais. Meninos e meninas... vamos tomar vergonha na cara?

2 comentários:

Anônimo disse...

Cara, temos uma opinião bem parecida em relação à essas "posturas" da modernidade... Não condeno, e talvez até admire quem consiga manter vidas paralelas, com vontades, atitudes e até opiniões diferentes em cada uma delas, só sei que EU não consigo nem lidar com uma vida direito, que dirá duas (ou cinco, ou dez...)
Já fui (muitas vezes) chamado de idiota por pensar assim, e por ter esse tipo de atitude. Mas ainda acredito sim que respeito e confiança existem. Principalmente (e fundamentalmente) quando a pessoa ao nosso lado tem uma noção de liberdade bem próxima (ou igual) à nossa. Nenhum sentimento do mundo tem o direito de obrigar alguém a uma situação discordante de seus princípios.
muito bom o texto!!
devia ficar na porta de qualquer "balada" (hehe... tá bom)
abraço

Anônimo disse...

eu concordo com tudo o que voce falou, guto. com tudo, absolutamente tudo. eu nao entendo porque algumas pessoas tem a necessidade de trair, de ter a tal vida a tres. Papo de avo? Por mim, tudo bem, eu sempre quis ter nascido ha muito tempo atras, quem sabe em 40,50,60...