
Acender um cigarro. Chegar do trabalho cansado, ligar o computador e aliar-se ao (mal)dito comunicador de dias modorrentos. Falar com os amigos, escrever, escrever, ler, dar risada para a tela. Dar um oi para a mãe que passa correndo atrás de você. Ela também fuma. Acender outro cigarro.
Ligar para a namorada, para os amigos. Lembrar do último porre da semana passada. Risada gostosa. Amor verdadeiro é uma coisa muito foda. Alugar um filme – devidamente pesquisado no Google –, e, porque não?, convidar a mãe para assistir junto. É um filme bonito, daqueles que falam dos amores impossíveis, das presilhas ideológicas, etc e tal. Custou vinte milhões, só. Um cara fuma no filme. Acender outro cigarro.
Carne grelhada e salada para o almoço. O cachorro estava com saudades. O trabalho hoje foi bom, nada fora do convencional. Academia, idem. De novo, liga para a namorada, vamos ao cinema hoje? Já é o segundo filme do dia, mas enfim. Ainda está de ressaca do bendito porre, e olha que já são três dias. Mais um cigarrinho, só para tirar o gosto de alface da boca.
Depois, sentar no sofá e ligar para aquele velho amigo. Papo de sempre, ensaio da banda amanhã, não esquece! O computador está ligado lá no escritório, a mãe resmunga, mas o que há de ser feito? O Download do novo cd do Beatles ainda não completou. Faculdade de novo, daqui a alguns dias, terceiro semestre, expectativas, coisa e tal. Bateu um saudosismo.
Saudade das férias que acabam assim, do jeito que começam. Saudades da época onde os minúsculos e fúteis prazeres da vida eram, na verdade, os maiores. Saudades de uma tal irresponsabilidade que vai ficando para trás, cedendo espaço para uma vida regrada e cheia de bons hábitos. Acima de tudo, saudades de uma pessoa que nem reconhece mais no espelho. Mas não há tristeza nesse pequeno acesso de nostalgia. São apenas mudanças, afinal.
A mãe passa correndo de novo, só que dessa vez de terninho branco. Emprego novo, vida nova, é uma correria. Ela oferece um chocolate, mas você já tem que ir tomar banho, o cinema é daqui a meia hora. Agradece. Eu te amo, e afins. Ela é doce, doce como uma boa mãe há de ser. Tchau.
Ah, que pressa, sempre deixando as coisas para a última hora! E que fome... mas a dieta não permite. Mais um cigarro – este para tirar o apetite.
Hora do banho.
2 comentários:
amei o texto amor, lindo, lindo! como sempre né... hehehhe.
te amo!
beijinho.
esse vício de vcs que eu tanto odeio!!
mas o texto eu aorei!
bjus guitnhoo
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