sexta-feira, 6 de julho de 2007

Canapés, Alianças e Copos de Uísque.

Todo mundo em um casamento. Dois casais e um amigo em comum. A noiva era amiga do namorado da convidada, e também prima da outra convidada. O namorado da primeira convidada não conhecia a noiva, nem o amigo em comum. O último entrou de penetra e estava com medo de ser expulso. A prima da noiva foi quem colocou ele pra dentro. O outro casal estava louco pra encher a cara. Enfim. Era quinta-feira, e em julho as quintas-feiras não passam de sábados com menos gente na rua.

Todo mundo emocionado com a cerimônia e tal, e o casal libera comida e bebida. O casal amigo da noiva não tinha jantado, mas preferiu tomar umas antes de comer. E depois. Resultado: meia hora depois do buffet ser servido estavam bêbados, bêbados. O casal e o amigo acompanharam. Os cinco dividiam a pista de dança, a chave do carro e uma carteira de Benson & Hedges. As meninas fumavam escondidas dos holofotes da festa, escoradas nos namorados ou atrás de alguma planta decorativa. A música ia se misturando num funk turvo, engolido por um disco, engolido por um forró... e no mesmo ritmo as figuras entornavam uísque com guaraná, cerveja, Ice e outros drinks de casamento. Estavam algo discretos na massa de convidados, até que alguém resolve começar a falar merda em voz alta.

- Porra, eu quero uma cachaça pura!

Lembrem-se: é um casamento, e as pessoas tendem a beber no auge da emoção de ver a melhor amiga casando. A amiga da noiva se senta com o namorado, e logo os outros três resolvem acompanhar. "Amor, olhá só... a gente dá um tempinho, e depois bebe mais um pouco, tá?". Ela reclama, mas aceita. Os outros três sobem no palco. A essa hora a noiva já está na noite de núpcias. Restam na festa os cinco e alguns familiares que já recolhem presentes e decoração. E, quando já são duas e meia e um deles pensa que já vai embora, eis que a clássica começa a ecoar no salão vazio:

"First i was afraid, i was petrified
Kept thinking i could never live without you by my side..."

Foi o suficiente para que os cinco invadissem de vez o palquinho e resolvessem encenar "Priscila: a Rainha do Deserto" em uma versão urbana e heterossexual (será?). Todo mundo ainda bêbado, falando merda e passando vergonha, até que um lembra que tem trabalho amanhã, que a mãe da outra já tá ligando, que o Dj tá tocando Xuxa e que nem a mãe da noiva está mais. É hora de ir embora.

Não importa o quanto a gente tente negar - e não importa o quanto isso é clichê: o tempo passa mais rápido do que os nossos ponteiros indicam. Temos amigos que já casam a essa altura da vida, leitor; parece que foi ontem que todo mundo entrou na faculdade! E nós, nós ainda temos muitos porres homéricos pra tomar nas festas deles, afinal everybody´s glamourous, never drunk. Que venham mais canapés para encher o bucho, alianças para a nostalgia e copos de uísque... para fazer as quintas-feiras com casamentos de amigos ainda mais inesquecíveis.

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